'Vamos lá fazer o que será"

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quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

A Lenda da Buiúna - Irma Galhardo

A Buiúna

Tocantínia fica bem ali, encostada na serra do Lajeado.
Cidadezinha pequena com habitantes de boa prosa, um riozinho e um riozão banhando suas histórias. Casinhas de sapé ainda existem por lá, assim como índio Xerente, gente da gente.
Um certo dia, o sol amanheceu brilhando mais forte. Os moradores, distraídos, transformavam suas vidas em poesia.
De repente começou um som de chuva e todos estranharam, pois não era época de chover. O barulho continuou em direção ao rio grande, enquanto gotas de água respingavam por toda parte. O rio, chamado Tocantins, imenso e largo a perder de vista, estava logo ali, banhando a cidade inteira. Foi para lá que as pessoas se dirigiram, apressadamente, atraídas pelo barulho ensurdecedor e pelos pingos que não paravam de cair.
Ao chegarem à margem, mal puderam acreditar no que seus olhos viram: uma cobra imensa, gigante, a maior que alguém já conseguiu imaginar! Ela estava atravessada naquele rio e seu corpo descomunal fazia uma barragem, que escoava depois, criando uma enorme cachoeira. Essa grande cachoeira aspergia por toda cidade, causando o barulho que fizera  aquela gente mover-se até ali.
Puderam ver, então, a Buiúna, se entediar com os olhares curiosos e partir, esticando seu corpo, mostrando metade do seu verdadeiro tamanho: cem vezes maior que uma sucuri! Tão imponente, como o rio, que abria seu leito caudaloso para que ela se agasalhasse ao passar, tão volumosa como a imensidão das águas tocantinenses!
Todos que estiveram lá naquele dia, garantem não terem conseguido saber ao certo o comprimento verdadeiro do monstro: quando sua cabeça desapareceu no horizonte, sua barriga ainda estava na curva do rio. Esperaram até tarde da noite e, como o corpo da cobra não acabou de passar, não puderam ver o rabo. Cansados de esperar foram dormir, sem poderem avaliar o real  tamanho da Buiúna.

No dia seguinte, acordaram pensando que tudo não tivesse passado de um sonho, devido
  ao absurdo do fato. Porém, ao se dirigirem novamente às margens do rio, avistaram ao longe, uma monstruosa cauda que aos poucos foi desaparecendo. Não sem antes molhar toda lavoura e saciar a terra sedenta de agosto.





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